"Primeiramente, devemos retornar à história e a caminhada da Igreja com os seus dois pulmões: Oriente e Ocidente. O Mês Mariano no Oriente mais antigo foi celebrado, desde o século XIII, em agosto, considerado o Mês Mariano por excelência para a tradição oriental, já que os bizantinos tinham a festa da Dormição de Maria (Assunção) como a maior festa mariana. Esta celebração, em 15 de agosto, era precedida por 14 dias de preparação como um tempo de penitência e jejum, também chamado de pequena Quaresma da Dormição. Ao longo deste tempo, todas as noites recitava-se o Ofício da Paraklísis em honra da Virgem; e os 15 últimos dias – chamados pós-festa methaeorté – se fazia comemorar até o fim do mês os ritos e as celebrações em honra da Mãe de Deus, Theotokos. Já para os coptas, que são os cristãos do Egito, o Mês Mariano, chamado kíahk, era estruturado em torno do Natal.
No Ocidente, a escolha do mês de maio tem muito a ver com o início da primavera no Hemisfério Norte, onde existiam muitas tradições populares nos vários povos da Europa. Neste mês, as flores florescem e já era uma tradição antiga no paganismo os “ludi floreales” ou “florealia”, festejos propiciatórios em honra a deusa da vegetação “Flora Mater”. Tais festejos consistiam em cantos, cortejos de jovens com ramos floridos e enfeites naturais, onde era comum se escolher a “rainha da primavera”. Com a expansão do cristianismo e a cristianização da Europa, já no começo da Idade Média até o Renascimento, as flores e o renascimento da vida foram identificados com a Mulher mais bendita e santa de todas as mulheres, a Mãe de Jesus. Assim os cristãos começavam a prestar louvores mais intensos no mês de maio. O primeiro cristão que associou o mês de maio à figura de Maria foi Afonso X, o Sábio, Rei de Castela e Leon + 1284, século XIII.
Depois, o Beato Henrique Suso de Constância (+1336), dominicano, compôs as famosas “saudações”, mediante as quais dedicava à Virgem a primavera.
Em Paris, no século XIV, a corporação dos ourives costumava levar à Catedral de Notre-Dame um “maio”, que é uma planta adornada com pedras preciosas.
Em 1549, o monge beneditino Wolfang Seidl (+1562) publicou em Munique (Alemanha), um esboço do Mês Mariano. Em Roma, o Mês Mariano começou a tomar corpo graças a ação pastoral de São Filipe Néri e a evangelização realizada por ele junto aos jovens e adolescentes nos oratórios, onde os ensinava a ornarem de flores as imagens da Virgem Maria e a cantarem músicas em sua honra. Ele os incentivava a orarem mais, a fazerem penitência e a imitarem suas santas virtudes.
O iniciador do mês de maio, no sentido mais moderno, vem dos jesuítas com o incentivo às práticas cotidianas de A. Dionisi S.J., educador e diretor de almas, com o seu mês de Maria, publicado em Verona, em 1725. Este foi um incentivo, também, às Congregações Marianas, e para que até nas casas se fizesse um altarzinho em honra à Mãe de Jesus, para que os devotos pudessem enfeitá-lo e rezar diante dele. O mês de maio foi também tendo o incentivo para se tornar mês de missões populares e o jesuíta, padre Lalomia, propunha leituras e considerações sobre a vida, privilégios e virtudes de Maria.
Os Papas Pio VII, em 1815, Gregório XVI, em 1833, e Beato Pio IX, em 1859, conferiram indulgências para este mês. Ligado a esta dimensão agrícola, ao renascimento da vida e dos vegetais, maio tornou-se, assim, o Mês Mariano por excelência. Também, desde Pio XII, São João XXIII, São Paulo VI, São João Paulo II, Bento XVI, até o atual Pontífice, Papa Francisco, sempre foi estimulado o amor dos cristãos católicos, manifestado de modo concreto neste mês de maio".
Resposta do Pe. Adilton Pinto Lopes, pároco e reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Arquidiocese de Salvador (BA), doutor em Mariologia e professor de outras disciplinas de Teologia Dogmática do Instituto de Teologia da Universidade Católica do Salvador, à pergunta feita pelo Setor Comunicação da Arquidiocese.